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SÍNTESE DA OBRA:
‘A CONSTRUÇÃO DAS CIÊNCIAS’
DE GÉRARD FOUREZ
. Gérard Fourez é um filósofo francês nascido em maio de 1937. O autor é licenciado emfilosofia e matemática, doutor em física teórica e professor da ni!ersidade de amur, onde até pouco tempo ensinou #pistemolo$ia, %tica e Filosofia da #duca&'o, onde tam(ém fundou o)epartamento de *+ilosop+ie de -+omme de cience. % tam(ém professor !isitante dani!ersidade da Filadélfia
1
.
)entre !árias o(ras, pu(licou
“A Construção das Ciências: introdução à filosofia e a éticadas ciências”,
o(ra /ue será o(0eto deste estudo, e atra!és da /ual ser'o feitas al$umas refle2es so(real$uns de seus capítulos o capítulo inicial e o final, pela import4ncia, foram escol+idos para umaa(orda$em mais ela(orada5.
o capítulo 6, o autor nos mostra /ue para se c+e$ar a uma conclus'o em umain!esti$a&'o científica é necessário uma série de processos in!esti$ati!os, de o(ser!a&'o,eperimenta&'o e por fim a conclus'o. presenta8nos o
Método Crítico Dialético
2
, onde primeiramente se afirma uma tese, isto é, uma realidade /ue se oferece, após, uma antítese /uene$ará esta tese, culminando em uma síntese, uma no!a maneira de se !er, podendo ainda sofrer transforma&2es pois nunca será uma !is'o a(soluta das coisas.#m se/ência, a o(ra nos res$ata a import4ncia da
Obseração Científica
!
, ou se0a,o(ser!a8se as coisas como elas s'o apresentadas. :ontudo, necessita8se con+ecer a coisa.#emplificando, se o(ser!o uma fol+a de papel em cima de uma escri!anin+a, só sa(erei /ue éuma fol+a de papel se ti!er um conceito do /ue é uma fol+a de papel, caso contrário, ao descre!er o o(0eto, falarei de uma coisa (ranca /ue está so(re min+a escri!anin+a, com al$umas lin+asre$ulares. ;as é importante frisar /ue teria /ue con+ecer a cor (ranca e a escri!anin+a para poder atin$ir este conceito, ou se0a, o(ser!ar é interpretar.o conceituar
“fato
”
, eis a se$uinte defini&'o< =)i$o /ue é um fato se considero /ue éal$o indiscutí!el, /ue nin$uém pelo menos até a$ora, o coloca em /uest'o.> #ste =até a$ora> dizrespeito á possi(ilidade de futuramente este =fato> ser colocado em c+e/ue. O fato assim, é ummodelo de interpreta&'o, /ue se esta(elece ou se pro!a. *ara se afirmar /ue a terra é /ue $ira emtorno do sol, +ou!e a necessidade de se pro!ar o ale$ado. pro!a deste modo seria uma releiturado mundo.o tentar di!isar
#onto de #artida
$
,
a o(ra nos mostra /ue ?c+e$a8se sempre tarde paradesco(rir o primeiro ponto de partida-, ou se0a, /uando se o(ser!a um célula no microscópio, 0á seestá interpretando o funcionamento do aparel+o e da célula, e portanto, este n'o seria o ponto de partida, pois se$undo o autor, =n'o eiste um ponto de partida indiscutí!el da ciência>. o(radefine tam(ém a diferen&a de
#ro#osiç%es e&#íricas
e
te'ricas
, concluindo /ue a primeira difereda se$unda de acordo com a con!en&'o prática li$ada ao tra(al+o científico de determinadomomento. *ara Fourez, uma
definição científica
(
=é a releitura de um certo n@mero de elementos domundo por meio de uma teoria>, e sintetiza dizendo /ue defini&'o científica =é umainterpreta&'o>, usada para padronizar o(0etos científicos. O autor eplica tam(ém /ue o conceitode al$o
“ob)etio”
passa pelo cri!o da/uilo /ue é con!encional e aceito socialmente, ao passo/ue, fora destas con!en&2es or$anizadas, toma a forma
“sub)etia”
, podendo estar no limite daloucura, e dá o eemplo do indi!íduo /ue dese0a /ue um elefante rosa dance so(re a mesa.:ertamente este indi!íduo será taado como maluco, pois n'o admite8se socialmente um elefanterosa dan&ar em uma mesa.Aá so(re
su)eito
, temos /ue a defini&'o parte do pressuposto /ue o termo =su0eito é ocon0unto das ati!idades estruturantes necessárias á o(ser!a&'o
7
>, e este con0unto forma o
*u)eito+ranscendental
, como denomina!a Bant, ou se0a, para ele, é o su0eito /ue produz o con+ecimento,e n'o o contrário, pois no momento em /ue se con+ece al$o, o su0eito está usando suas faculdades para tanto. O
senti&ento de realidade
para Fourez é o(0eti!o e afeti!o. O autor comunica /ue pessoas próimas, principalmente os familiares, /uando possuem coisas em comum com o su0eito,
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$eralmente passam á ele o sentimento de realidade, ao passo /ue, /uando determinada pessoarece(e em sua eistência conceitos am(í$uos por pessoas próimas, tendem a sofrer pro(lemasemocionais. O
real
ent'o é al$o indi!idual, depende do mundo em /ue cada um está inserido. *or eemplo, um (e(ê ener$a como realidade a realidade de seus pais, pois é a/uele mundo /ue ele!i!e. )este modo, torna8se impro!á!el fazer com /ue este (e(ê ener$ue as coisas de maneiradi!ersa, e tal!ez se a fizesse, poderia ser declarada louca, pois estaria na contram'o da sociedade.Fourez finaliza suas eplana&2es com o conceito de
eolução Co#ernicana
ou se0a, =umaconstru&'o do su0eito, e n'o a desco(erta de /ue al$uma coisa estará lá, independente do su0eitoo(ser!ante
C
>. :opérnico, n'o se contentando com o /ue esta!a esta(elecido na época, ousou ecompro!ou /ue o sol está parado, e /ue é o restante dos planetas /ue $iram ao seu redor. #ste fatoamplia e fomenta a necessidade de se in!esti$ar e contestar o pré8esta(elecido.o(re
+eorias, -eis e Modelos,
itens eplicitados no capítulo 3, o autor salienta /ue as leis=n'o s'o deduzidas das o(ser!a&2es>, mas sim, =elas se !erificam> /uando capazes de trazer satisfa&'o
9
. s teorias s'o infindá!eis, 0á os modelos, li$am8se ao ima$inário cultural e a pro0etos.o(re
erificação e falsea&ento
, Fourez ensina /ue ?n'o é a !erdade, mas sim, se um modelo semostra eficaz ou n'o é o /ue se mostra mais importante
1D
. O falseamento, por conse$uinte, sempreocorrerá /uando um modelo mostra8se mais eficaz /ue outro. o capítulo E, Fourez (asicamente discorre so(re as características da comunidadecientífica. O autor entoa /ue referida comunidade é um $rupo (em definido, pertencente classemédia e em(ora n'o possuam $rande poder social, est'o inseridos no centro da sociedade. comunidade científica )iz Fourez, aca(a se estruturando de acordo com determinados interessesdas próprias or$aniza&2es sociais a /ue pertencem. as pala!ras do autor, a comunidade científica=é uma confraria onde os indi!íduos se recon+ecem como mem(ros de um mesmo corpo
11
>.#ncontramos no capítulo H uma preocupa&'o do autor com os métodos científicos. Fourezinicia suas asserti!as eplicando /ue a ciência determina8se por paradi$mas. *ara este de(ate, fazreferência a I+omas Bu+n
16
. Os paradi$mas s'o +istórica e culturalmente construídos. #le pro!ocam rupturas no cotidiano, mudando o rumo das coisas e eliminando /uest2es /ue até ent'oeram consideradas pertinentes. Fourez adota como eemplo de paradi$ma a medicina
13
. ciência moderna é tratada por Fourez no capítulo J. )iz o autor /ue eiste um cenáriomundial praticamente inalterado até o século KLL, /uando, neste momento, a escrita $an+amudan&as si$nificati!as. Iam(ém, os comerciantes (ur$ueses /ue !ia0a!am, a partir deste marco,ter'o forte influência na semente da ciência moderna
1E
. :om estas mudan&as, /ue(ram8secostumes e cren&as medie!ais, uniformiza8se a percep&'o de mundo, e com a e!olu&'o da ciência,com o camin+ar dos anos, o físico /ue reside na cidade de ;oscou passará a falar a mesma lín$uacientifica /ue o físico residente em 'o Francisco entoa Fourez. o capítulo C, Fourez discorre essencialmente so(re
Ciências .unda&entais e Ciênciasa#licadas
. alienta /ue a diferen&a fundamental entre estas ciências é /ue a primeira fundamentalou pura5 n'o preocupa8se muito com aplica&2es no conteto da sociedade, pois concentra8se emad/uirir no!os con+ecimentos, ao passo /ue, as ciências aplicadas, possuem essa preocupa&'o,/ual se0a, de uma prática científica mais !oltada para o am(iente social
1H
. o nono capítulo, Fourez preocupa8se com a /uest'o da
Ciência
, do
/oder
e da
0tica
.alienta /ue como a ciência =é sempre um ?poder fazer-, um certo domínio da natureza, ela seli$a, por ta(ela, ao poder /ue o ser +umano possui um so(re o outro
1J
>. O autor, citandoMa(ermas, cita a intera&'o entre ciência e sociedade por meio de três intera&2es< tecnocrática,decisionista e pra$mático8política, onde a primeira caracteriza8se pelos con+ecimentos dosespecialistas, /ue determinam o norte a ser se$uidoN o se$undo caracteriza8se pela decis'o, ouse0a, /uais fins ou meios de!em ser empre$ados para se alcan&ar determinado o(0eti!o, sendo osfins sempre de maneira li!re, separados da ciência, e os meios, dependentes dos especialistas. #< paciente decide morrer 8 o fim é decis'o dele, o meio, decis'o do médico5. # por fim, o modelo pra$mático8político permite uma ne$ocia&'o entre as partes para /ue reste decidido após o de(ateo rumo a ser se$uido
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.
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o início do capítulo 1D, Fourez diferencia os enfo/ues
idealista e 1ist'rico
3
. #plica /ueo enfo/ue idealista possui a característica de li$ar8se a aceita&'o de normas uni!ersais e eternas,ao passo /ue o enfo/ue +istórico é o resultado de uma e!olu&'o, portanto, sem a contempla&'o doeterno. #m se$uida, apresenta a distin&'o entre
noção, idéia e conceito
4
. =
5oção”
seria tudoa/uilo /ue se possui um determinado con+ecimento, porém um con+ecimento sem profundidade,ou se0a, se o su0eito possui uma no&'o do /ue é uma família, /uer dizer /ue ele possui umarepresenta&'o !a$a do /ue se0a família, e n'o dese0a se aprofundar no assunto. Aá a =
idéia”
tem acaracterística de ser utilizada como norma, de colocar uma no&'o como sendo uma coisa eterna.
“Conceito”
, porém, é como se define ou se constrói uma no&'o dentro de determinado padr'o. uando discute o tema
crítica do idealis&o,
o autor diz ser impossí!el demonstrar /ue=n'o eistem idéias eternas
6D
>, porém, /ue estas idéias eternas parecem impro!á!eis pela própriae!olu&'o +istórica do mundo. este sentido, diz /ue a no&'o de família, por eemplo, se aproimamais de um condicionamento representati!o de determinada época do /ue propriamente de umaidéia eterna. crescenta ainda dizendo /ue se este conceito foi +istoricamente construído, é umconceito relati!o e n'o a(soluto, pois poderá sofrer !aria&2es futuras como sofrera no passado. o /ue pertine o tópico =
conceitos e relatos
2
”,
Fourez diz /ue a concep&'o e defini&'o deconceito dependerá dos relatos a ele correspondentes. )á eemplo do 0o!em /ue, antes de !i!er um $rande amor, !i!ia zom(ando de seus irm'os, pois o conceito de amor para ele era !azio, por/ue n'o eistiam eperiências so(re o tema atrelados á sua eistência. Iudo muda /uando esteadolescente se apaiona, e é neste eato momento /ue ele passará a usar o /ue ou!iu falar com o/ue está sentindo para enfim ter o relato de amor em sua própria !ida. o tratar da
#rodução social dos conceitos na 1ist'ria
22
, o autor contempla eistirem duasteorias conflitantes< uma de cun+o
idealista,
e outra,
1ist'rico social
. primeira considera /ue asideias conduzem o mundo, e estas no&2es podem sur$ir ao acaso ou por intermédio de pensadores. se$unda, por oposto, somente aparecerá /uando pro(lemas sociais pedem o seu sur$imento, eeemplifica< em uma tri(o com am(iente puro, n'o eiste aos moradores a no&'o de polui&'o por n'o ser poluída, mas passará a sur$ir /uando o am(iente desta tri(o perder a característica de pureza. O teto tam(ém especifica /ue eistem três $rades de leitura, a sa(er<
6rade econ7&ica, 6rade fe&inista
e
6rade ecol'6ica
2!
.
6rade econ7&ica
é a mais difundida pois a nossa sociedadeé capitalista e possui em sua estrutura três conceitos< o econPmico ati!idades sociais li$adas á produ&'o do necessário a sociedade5, o político li$ado á distri(ui&'o de poder5 e o ideoló$icodiscursos le$itimadores do econPmico e político5.
6rade fe&inista
tem como característica oseismo, predominando ainda o conteto de uma sociedade etremamente patriarcal, comraciocínio masculino deduti!o e o feminino condicionado ao /ue 0á foi !i!ido e ao sofrimento. #finalmente, a
6rade ecol'6ica
preocupa8se com o controle dos meios operacionais criados pelo próprio +omem, pois em dois séculos, tem8se a impress'o de /ue a tecnolo$ia criada aca(ou por fu$ir do controle do criador. *or fim, Fourez nos mostra /ue as três $rades acima delineadasaca(am por se complementarem, pois se pode analisar pelos ol+ares da $rade econPmica a rela&'o+omem8mul+erN analisar atra!és da $rade feminista as rela&2es de eplora&'o econPmica comouma !iolência li$ada ao poder patriarcal, e a $rade ecoló$ica, pensar a rela&'o +omem8mul+er como o encontro de duas maneiras de se situar perante o meio am(iente e a natureza. #nfim,eistem possi(ilidades di!ersas de análises onde as $rades se complementam e se contemplam.
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Referência:
FOR#S, Gérard.
A construção as ciências
< introdu&'o filosofia e a ética das ciências. Iradu&'ode uiz *aulo Rouanet. 'o *aulo< #ditora da ni!ersidade #stadual *aulista, 199H.
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L;, #. T.N GM#)L , #.
!on eci#ento e $tica na e%iste#o&o'ia e Foure( e suas i#%&icaç)es%ara o ensino e ciências
. Ln< ULL #npec 8 #ncontro acional de *es/uisadores em #duca&'o em:iências. Florianópolis, DC no!. 6DDC.
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